Hoje, dia 31 de março, é o Dia Internacional da Visibilidade Trans e Travesti. Portanto gostaria de convidar vocês a refletir junto comigo sobre que visibilidade seria essa, pois sendo os corpos trans plurais, não é possível encontrar uma narrativa única que seja compartilhada por todas as pessoas trans. Assim, as maneiras que experimentamos, ou não, a visibilidade são igualmente diversas. Tendo em perspectiva dois pontos extremos, entendendo que existem várias possibilidades entre um e outro, temos em um polo a invisibilidade: onde nossos corpos experimentam a não existência, um não lugar social, onde nossas histórias não são reconhecidas, assim como muitas pessoas não sabem do nosso existir. No outro temos uma impossibilidade de ocupar lugares pelo estranhamento que nossos corpos causam a cisgeneridade ao ponto de existir uma hipervigilância descarada nos lugares, como supermercados, escola, trabalho, universidade ou na rua, vivenciando historicamente um lugar de perseguição e refugo social.
Podemos perceber que em ambos os pontos a linha que os liga é a transfobia vivenciada. Portanto, gostaria de defender a visibilidade as nossas demandas, a urgência em dignidade no nosso existir, a possibilidade dos nossos corpos terem acesso a direitos defendidos como básicos/humanos, o combate a realidade atual da maioria das pessoas trans e travestis que é: A fome; A prostituição como caminho possível para o existir enquanto identidade de gênero transgressora; O preconceito e o estigma social sobre nossos corpos; A expulsão de espaços públicos, incluindo de trabalho e aprendizado; O extenso leque de violências que estamos sujeitos como a física, psicológica, moral, sexual, patrimonial e intrafamiliar; E a mudança na sociedade brasileira que lidera o ranking de país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo a 14° anos consecutivos.