Ainda na comemoração a este dia tão importante para nós psicologues, convidamos o Gestalt-terapeuta Welison de Lima Sousa para escrever sobre a luta pela retomada da politica de redução de danos que vem sofrendo graves ameaças.
Política sobre drogas
A política sobre drogas marcada pela lógica proibicionista acaba por trazer diferentes desdobramentos para o debate sobre o uso de substâncias. Essa “guerra as drogas” tem tido como consequência o aumento da violência, mortalidade, encarceramento em massa e risco à saúde, principalmente da população negra e pobre. O debate então sobre a política de drogas no Brasil deve partir da questão da desigualdade social e das condições concretas de vida das pessoas, afinal, para entendermos a questão do uso de drogas, devemos nos atentar sobre a substância, o contexto de uso e o próprio sujeito, não cabendo limitar a questão somente na sua substância, como tem sido feito.
Devemos lembrar ainda, que o consumo de drogas, sempre esteve presente na história da humanidade e assim permanecerá. Devemos mudar o foco, centrado no paradigma da abstinência, que coloca o uso de drogas como doença, ato imoral e criminoso, para refletirmos sobre a desigualdade social e o racismo presente na questão. O proibicionismo responde aos anseios de uma sociedade moralista e conservadora em relação às drogas, ao mesmo tempo que confronta direitos sociais importantes, dentre eles, o acesso à saúde, através da imposição da abstinência como única alternativa de cuidado e do encarceramento dos sujeitos, em prisões e manicômios (as comunidades terapêuticas).
Torna-se necessário, retomar e defender o cuidado de base territorial e comunitário; a rede de atenção psicossocial e a reforma psiquiátrica, e nisso, (re)tomar a redução de danos como diretriz ética, política e clínica, que toma o sujeito e suas relações como foco e não a droga. Devemos apostar no cuidado centrado na produção de autonomia, protagonismo e liberdade. É preciso defender o óbvio, só existe vida, em liberdade.